domingo, 14 de outubro de 2007

Notação básica para violão

Parte II

Pestana

A indicação da pestana é um outro aspecto que gera confusão, já que existem várias formas de designá-la. A mais comum indicação da pestana é a utilização da letra “C”, do espanhol ceja e que em italiano, deriva de capotasto. A letra “B” também é muito usada em edições francesas já que deriva da palavra francesa barre.

O local (casa) em que a pestana é aplicada é usualmente denotado por algarismos romanos (I, II,V, X, etc) , embora veremos casos em que os números arábicos (1,2,5,10, etc ) são usados. O mais sensato neste caso é fazer uso dos números romanos, já que os arábicos são usados para todo o resto. Em algumas edições aparecem apenas os algarismos romanos para indicar a pestana. Não é aconselhável este uso, uma vez que a indicação da posição é feita através de números romanos, gerando dubiedade na interpretação do sinal.

O exemplo a seguir mostra uma passagem em que os números em algarismos romanos indicam a posição em que será executado o trecho musical, assumindo que cada nota será tocada dentro da posição indicada. O uso de uma linha horizontal designa até quando será mantida aquela posição.




Alguns exemplos das várias formas de indicação de pestana:















Meia Pestana

A pestana nem sempre é usada para abarcar as 6 cordas do violão. Pode ser também parcial. Neste caso há vários sinais para designá-la:

entre outros, seguidos do número romano (às vezes arábico) que indicará em qual local se fará a meia pestana. Um método muito pouco usado é a indicação do exato número de cordas que será compreendido pela meia pestana. Utilizam-se para tal de frações:

Um método muito pouco usado é a indicação do exato número de cordas que será compreendido pela meia pestana. Utilizam-se para tal de frações:

1/3C – um terço das 6 cordas será atingida
½C - metade das 6 cordas será atingida
2/3C – dois terços das 6 cordas será atingida
5/6C – cinco sextos das 6 cordas será atingida
indicando assim, a cobertura da meia pestana para 2,3,4 e 5 cordas, respectivamente.






















Além de confuso e desnecessário, este método não é adequado para os casos em que a meia pestana cobre somente as cordas mais graves, não atingindo as agudas. Para tornar mais claro, pode-se fazer uso de uma linha vertical com um pequeno ângulo reto para indicar o grupo de notas atingida pela meia pestana. Pode ser usado com um pequeno “c”, sinalizando desta maneira que a pestana não é inteira.








Um pequeno colchete ( [ ) pode ser usado para as cordas mais graves.

domingo, 30 de setembro de 2007

Notação básica para violão

A notação para violão varia em alguns aspectos de editor para editor, de época para época e às vezes também de país para país. Por exemplo, alguns países da Europa fazem uso de seus próprios idiomas em vez do tradicional italiano. Alguns editores alemães usam bewegt no lugar de con moto, ou langsam para lento. Existe, no caso do violão, destas diversas formas de se indicar as mesmas coisas.
Vamos mostrar alguns aspectos básicos da escrita para violão.

Scordatura

Uma ou mais cordas do violão podem ter a sua afinação alterada, ou seja, podem ser apertadas ou afrouxadas para produzir uma altura diferente da normal. A isto chama-se scordatura. Seu uso é originado dos instrumentos de corda (arco) e vem sendo usado desde o séc. XVII para, originalmente, facilitar passagens em tons distantes.
A sua indicação é feita no início da peça, sendo necessário dizer qual a corda (ou cordas) será alterada com a sua respectiva afinação.
Vejamos algumas formas de indicar a scordatura.





A scordatura mais comum é a 6ª corda (E) afinada descendentemente em D (ré).

Clave

O violão é escrito na clave de sol e é um instrumento transpositor.
Instrumentos transpositores são aqueles cujas notas soam em altura diferente daquela indicada na escrita. No caso do violão, a transposição é de uma oitava abaixo. Ao escrevermos para ele, o som resultante será de uma oitava justa abaixo. Devido a isto em muitas edições encontramos, em vez da habitual clave de sol, uma clave de sol com um pequeno 8 (oito) abaixo da clave,indicando que o som resultante será de uma oitava justa abaixo do escrito.
Ambas as claves podem ser usadas, pois a simples indicação de que a peça foi escrita para violão é sufuciente.


Mão direita

No princípio da música para violão a indicação dos dedos da mão direita se fazia da seguinte maneira: um ponto (.) indicava o dedo indicador, dois pontos (..) o médio, três pontos (...) o dedo anular e para o polegar se usava (+) ou “x”.



Era muito usada para alaúde e nas primeiras escritas para o violão. Embora este sistema esteja em desuso é possível encontrar algumas edições que o adotam.

Outra forma de indicação a encontrada em métodos para violão do séc. XIX, como os do violonista Felix Horetzky (1796 - 1870), conforme é mostrado na figura a seguir, extraída do seu “Instructive Exercises for the Guitar op. 15”.



Veja um exemplo da aplicação deste método:



Os símbolos atualmente usados, com os nomes em espanhol, italiano e português, são:
p (pulgar/pollice/polegar),
i (índice/indice/indicador),
m (médio/medio ou mayor/médio),
a (anular/anulare/anular).
Nos três idiomas as letras iniciais coincidem.



O 4º dedo, quando solicitado , é indicado pela letra c (cuatro, ou chiquito em espanhol) , q (derivada do italiano quattro) ou ainda n ( mignolo(it.) ou ñ (meñique (esp.).



Posição

Outros símbolos e termos usados para a mão direita dizem respeito a como e onde ferir as cordas.Basicamente existem 3 locais onde podemos atacar as cordas:
1- próximo à ponte (para sons agudos)
2- sobre a parte superior do braço (para sons suaves) e
3- entre esses dois pontos (para sons normais).

Os termos para tais posicionamentos, em italiano, francês e alemão, são:
1- Próximo à ponte - sul ponticello , au (sur le) chevalet, am Steg.
2- Sobre a parte superior do braço - Sul tasto ou sulla tastiera, sur la touché, am Griffbrett.
3- Entre a ponte e o braço – normale ou norm , sul boca, a la rose(fr).
Os 2 primeiros são comumente sinalisados como ponticello e tastiera.

Pizzicato e Lascia vibrare

Pizzicato (ou pizz) é um termo usado para quando abafamos as cordas , geralmentecom a parte posterior da própria mão direita enquanto se pulsa as cordas. O correspondente em francês é etouffee. Usa-se também o termo espanhol apagado.

Quando se deseja que o som das cordas se prolongue para além do indicado na partitura, deixando-as vibrar o máximo possível (ou até indicação ao contrário), usa-se como indicação l.v., abreviatura da expressão italiana lascia(re) vibrare . Em francês é laisser vibrer e em alemão klingen lassen.

Outra forma de designar a vibração das cordas além do tempo indicado pela nota, é pelo emprego de pequenas ligaduras como demonstra o exemplo a seguir.



Mão esquerda

Existem alguns problemas quando tratamos da notação da mão esquerda.
A única unanimidade parece ser o uso de números arábicos para indicar os dedos
e as cordas a serem utilizadas.Para indicar os dedos da mão esquerda usa-se 1,2,3 e 4 (dedos indicador,médio, anular e mínimo respectivamente)e para indicar as cordas, 1,2,3,4,5 e 6 ,da mais aguda para a mais grave, dentro de um pequeno círculo.


Para as cordas soltas usa-se um zero dentro de um círculo ou apenas um 0 (zero), indicando que nenhum dedo da mão esquerda irá interferir naquela corda. Menos usado, é a indicação das cordas por meio das letras E,A,D,G,B e E (da 6ª para a 1ª corda) dentro de círculos ou, menos comum, de retângulos.



Enquanto o uso dos números arábicos é universal, o mesmo não se pode dizer quanto ao posicionamento deles. Com muita freqüência são colocados junto à cabeça das notas, dentro do pentagrama. Dois argumentos desaconselham este uso. Primeiro ele “congestiona” a partitura, já repleta de outros sinais (incluindo aí os acidentes), dificultando a leitura. Algumas vezes são colocados em um ou outro lado da nota, piorando ainda mais as coisas. E segundo, como muitos músicos não querem se utilizar daqueles dedilhados, estando esses números muito juntos às notas, fica difícil ignorar a presença deles.


Uma localização razoável e prática para a colocação desses números seria fora do pentagrama. Para as notas com a haste para cima, os números acima e para as notas com hastes para baixo, números abaixo.


É lógico que para sermos mais claros e tornar a partitura mais “limpa”, gastamos mais espaço. Mas economia neste caso pode resultar em algumas incoerências.
Números usados em excesso, além de tumultuar a partitura, subestimam a capacidade de dedução do intérprete. Por exemplo, quando usamos a afinação tradicional do violão (E, A, D, G, B, E, de baixo para cima), não existe necessidade de colocar um “0” (zero) para o “E” grave, já que não existe outra corda em que se vá executar esta nota, assim como o F, F#, G e G# subseqüentes, pelo mesmo motivo.
Não é necessário também pôr números para cada nota quando esta mesma nota aparece seguidas vezes no mesmo trecho ou frase musical.

Escreva apenas a quantidade de informação necessária, pois o violonista terá capacidade de deduzir as partes que estão pouco ou nada sinalizadas.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Kazuhito Yamashita


Considerado como um dos maiores violonistas da atualidade, Kazuhito Yamashita nasceu em Nagasaki em 1961 e foi menino-prodígio, tendo como único professor seu pai. De formação bem pouco ortodoxa, criou desde cedo o hábito de fazer arranjos para violão de todo tipo de música que lhe chamasse a atenção, de um simples tema de televisão até uma obra sinfônica criando, deste modo, um enorme arsenal de novos efeitos e possibilidades técnicas.
Em 1977, aos 16 anos, ganhou três concursos internacionais: O Ramirez em Santiago de Compostela, o Allessandria na Itália e o concurso de Radio France em Paris, tendo sido o primeiro prêmio mais jovem na história deste concurso. Em 1979 fez a sua estréia Européia em Paris, onde foi considerado a maior revelação do instrumento.
Em 1981 lançou seu primeiro disco, que marcou época: sua própria transcrição para violão solo dos Quadros de uma Exposição de Mussorgski, baseada na versão orquestral de Ravel. Nos anos seguintes, Yamashita realizou arranjos para violão do Pássaro de Fogo de Stravinsky, da Sinfonia Novo Mundo de Dvorak e do concerto para violino de Beethoven. Em duo com sua irmã Naoko, gravou a Scheherazade de Rimski-Korsakov também com arranjo seu. Já tinha, aos 43 anos, de mais de 60 CDs, cobrindo uma vasta parcela do repertório tradicional, incluindo, por exemplo, a obra completa para violino, cello e alaúde de Bach e a obra completa de Sor, esta em mais de 10 CDs.
Uma das técnicas mais impressionantes de que faz uso Yamashita é o dedillo, ou seja, tocar com o vai e vem de somente um dedo (da mão direita), tocando a corda alternadamente com a o lado de cima e de baixo da unha, mas com qualquer dedo, inclusive o mindinho, e quando se faz necessário, tocando acordes ao mesmo tempo.
Confira um vídeo de Quadros de uma Exposição em :
http://www.youtube.com/results?search_type=search_videos&search_query=yamashita%20guitar%20%20Mussorgsky&search_sort=relevance&search_category=0&page=2

Para uma discografia detalhada de Yamashita visite o link http://www.ne.jp/asahi/yamashita/kazuhito/disk_e.htm

terça-feira, 29 de maio de 2007

Eduardo Minozzi Costa vence o Concurso Internacional de Violão de Portland nos EUA

Premiado em vários concursos nacionais , Eduardo Minozzi Costa foi também vencedor do 4th Thomas H. Beeston Memorial Guitar Competition de 2006, interpretando, na apresentação final do concurso, Appassionata de Ronaldo Miranda.

Este ano Eduardo obteve o primeiro prêmio no Concurso Internacional de Violão de Portland nos EUA seguido de Brendan Evans (2º lugar) e Antoniy Kakamakav (3º lugar). O júri foi composto por David Franzen, John Mery, Michael Partington e Peter Zisa. Parte do prêmio é tocar no próximo Festival de Portland como convidado.
Formou juntamente com Paulo Porto Alegre e Daniel Murray, o Trio Opus 12. Formado em 1977, em São Paulo, o trio realizou inúmeros recitais por todo Brasil num período de dez anos. Em 1982, realizou uma gravação, ainda em LP, intitulada “Trio opus 12”, contemplando as mais importantes obras renascentistas, clássicas e modernas para trio de violões.
Após um intervalo de 17 anos o Trio Opus 12 volta executando músicas do século XX na pluralidade estética, popular e erudita.

Parte do trabalho de Eduardo Minozzi Costa pode ser conferida em http://www.soundclick.com/bands/pagemusic.cfm?bandID=656879

terça-feira, 24 de abril de 2007

Dia Estadual da Música Clássica

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, sancionou no dia 5 de março a Lei nº. 4.991 que cria o Dia Estadual da Música Clássica, aniversário do compositor Heitor Villa-Lobos.

Sessão solene na Assembléia Legislativa do Rio (ALERJ), contou com a presença de personalidades da música clássica e musicófilos que lotaram o plenário com 200 lugares. Na mesa, presidida pelo deputado Alessandro Molon, autor do projeto, estavam, além do deputado e do governador Sérgio Cabral, a diretora-geral de VivaMúsica, Heloisa Fischer; o secretário estadual de Cultura do Rio de Janeiro, Luiz Paulo Conde; o diretor artístico da Orquestra Petrobras Sinfônica, Isaac Karabtchevsky; o diretor artístico da Orquestra Sinfônica Brasileira, Roberto Minczuk; a diretora do Conservatório Brasileiro de Música, Cecília Conde e o diretor da Rádio MEC, Orlando Guilhon.

Ao sancionar a lei, o governador Sérgio Cabral sugeriu um desafio aos presentes: criar um projeto educacional que leve a obra de Villa-Lobos às crianças do estado do Rio de Janeiro. Em mensagem lida pelo deputado Alessandro Molon, o Ministério da Cultura mostrou-se sensibilizado com a possibilidade de criação de um Dia Nacional da Música Clássica.

Também estiveram presentes no evento o diretor da Sala Cecília Meireles, João Guilherme Ripper, o presidente da Fundação Theatro Municipal, Luiz Paulo Sampaio; o compositor Edino Krieger e o maestro Ricardo Rocha.

A sessão solene contou com a participação do Quinteto Villa-Lobos que apresentou, em três momentos diferentes do evento, obras de Villa-Lobos, Lorenzo Fernândez e Ernesto Nazareth.

O Dia da Música Clássica é uma iniciativa de VivaMúsica que lançou a idéia na edição 2005 do Anuário VivaMúsica. Através de consulta popular, o aniversário de Villa-Lobos foi escolhido para marcar a data dos clássicos (as outras datas eram os aniversários dos compositores Padre José Maurício e Carlos Gomes). Em 2006, o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, incluiu a data no calendário oficial da cidade.