domingo, 14 de outubro de 2007

Notação básica para violão

Parte II

Pestana

A indicação da pestana é um outro aspecto que gera confusão, já que existem várias formas de designá-la. A mais comum indicação da pestana é a utilização da letra “C”, do espanhol ceja e que em italiano, deriva de capotasto. A letra “B” também é muito usada em edições francesas já que deriva da palavra francesa barre.

O local (casa) em que a pestana é aplicada é usualmente denotado por algarismos romanos (I, II,V, X, etc) , embora veremos casos em que os números arábicos (1,2,5,10, etc ) são usados. O mais sensato neste caso é fazer uso dos números romanos, já que os arábicos são usados para todo o resto. Em algumas edições aparecem apenas os algarismos romanos para indicar a pestana. Não é aconselhável este uso, uma vez que a indicação da posição é feita através de números romanos, gerando dubiedade na interpretação do sinal.

O exemplo a seguir mostra uma passagem em que os números em algarismos romanos indicam a posição em que será executado o trecho musical, assumindo que cada nota será tocada dentro da posição indicada. O uso de uma linha horizontal designa até quando será mantida aquela posição.




Alguns exemplos das várias formas de indicação de pestana:















Meia Pestana

A pestana nem sempre é usada para abarcar as 6 cordas do violão. Pode ser também parcial. Neste caso há vários sinais para designá-la:

entre outros, seguidos do número romano (às vezes arábico) que indicará em qual local se fará a meia pestana. Um método muito pouco usado é a indicação do exato número de cordas que será compreendido pela meia pestana. Utilizam-se para tal de frações:

Um método muito pouco usado é a indicação do exato número de cordas que será compreendido pela meia pestana. Utilizam-se para tal de frações:

1/3C – um terço das 6 cordas será atingida
½C - metade das 6 cordas será atingida
2/3C – dois terços das 6 cordas será atingida
5/6C – cinco sextos das 6 cordas será atingida
indicando assim, a cobertura da meia pestana para 2,3,4 e 5 cordas, respectivamente.






















Além de confuso e desnecessário, este método não é adequado para os casos em que a meia pestana cobre somente as cordas mais graves, não atingindo as agudas. Para tornar mais claro, pode-se fazer uso de uma linha vertical com um pequeno ângulo reto para indicar o grupo de notas atingida pela meia pestana. Pode ser usado com um pequeno “c”, sinalizando desta maneira que a pestana não é inteira.








Um pequeno colchete ( [ ) pode ser usado para as cordas mais graves.

domingo, 30 de setembro de 2007

Notação básica para violão

A notação para violão varia em alguns aspectos de editor para editor, de época para época e às vezes também de país para país. Por exemplo, alguns países da Europa fazem uso de seus próprios idiomas em vez do tradicional italiano. Alguns editores alemães usam bewegt no lugar de con moto, ou langsam para lento. Existe, no caso do violão, destas diversas formas de se indicar as mesmas coisas.
Vamos mostrar alguns aspectos básicos da escrita para violão.

Scordatura

Uma ou mais cordas do violão podem ter a sua afinação alterada, ou seja, podem ser apertadas ou afrouxadas para produzir uma altura diferente da normal. A isto chama-se scordatura. Seu uso é originado dos instrumentos de corda (arco) e vem sendo usado desde o séc. XVII para, originalmente, facilitar passagens em tons distantes.
A sua indicação é feita no início da peça, sendo necessário dizer qual a corda (ou cordas) será alterada com a sua respectiva afinação.
Vejamos algumas formas de indicar a scordatura.





A scordatura mais comum é a 6ª corda (E) afinada descendentemente em D (ré).

Clave

O violão é escrito na clave de sol e é um instrumento transpositor.
Instrumentos transpositores são aqueles cujas notas soam em altura diferente daquela indicada na escrita. No caso do violão, a transposição é de uma oitava abaixo. Ao escrevermos para ele, o som resultante será de uma oitava justa abaixo. Devido a isto em muitas edições encontramos, em vez da habitual clave de sol, uma clave de sol com um pequeno 8 (oito) abaixo da clave,indicando que o som resultante será de uma oitava justa abaixo do escrito.
Ambas as claves podem ser usadas, pois a simples indicação de que a peça foi escrita para violão é sufuciente.


Mão direita

No princípio da música para violão a indicação dos dedos da mão direita se fazia da seguinte maneira: um ponto (.) indicava o dedo indicador, dois pontos (..) o médio, três pontos (...) o dedo anular e para o polegar se usava (+) ou “x”.



Era muito usada para alaúde e nas primeiras escritas para o violão. Embora este sistema esteja em desuso é possível encontrar algumas edições que o adotam.

Outra forma de indicação a encontrada em métodos para violão do séc. XIX, como os do violonista Felix Horetzky (1796 - 1870), conforme é mostrado na figura a seguir, extraída do seu “Instructive Exercises for the Guitar op. 15”.



Veja um exemplo da aplicação deste método:



Os símbolos atualmente usados, com os nomes em espanhol, italiano e português, são:
p (pulgar/pollice/polegar),
i (índice/indice/indicador),
m (médio/medio ou mayor/médio),
a (anular/anulare/anular).
Nos três idiomas as letras iniciais coincidem.



O 4º dedo, quando solicitado , é indicado pela letra c (cuatro, ou chiquito em espanhol) , q (derivada do italiano quattro) ou ainda n ( mignolo(it.) ou ñ (meñique (esp.).



Posição

Outros símbolos e termos usados para a mão direita dizem respeito a como e onde ferir as cordas.Basicamente existem 3 locais onde podemos atacar as cordas:
1- próximo à ponte (para sons agudos)
2- sobre a parte superior do braço (para sons suaves) e
3- entre esses dois pontos (para sons normais).

Os termos para tais posicionamentos, em italiano, francês e alemão, são:
1- Próximo à ponte - sul ponticello , au (sur le) chevalet, am Steg.
2- Sobre a parte superior do braço - Sul tasto ou sulla tastiera, sur la touché, am Griffbrett.
3- Entre a ponte e o braço – normale ou norm , sul boca, a la rose(fr).
Os 2 primeiros são comumente sinalisados como ponticello e tastiera.

Pizzicato e Lascia vibrare

Pizzicato (ou pizz) é um termo usado para quando abafamos as cordas , geralmentecom a parte posterior da própria mão direita enquanto se pulsa as cordas. O correspondente em francês é etouffee. Usa-se também o termo espanhol apagado.

Quando se deseja que o som das cordas se prolongue para além do indicado na partitura, deixando-as vibrar o máximo possível (ou até indicação ao contrário), usa-se como indicação l.v., abreviatura da expressão italiana lascia(re) vibrare . Em francês é laisser vibrer e em alemão klingen lassen.

Outra forma de designar a vibração das cordas além do tempo indicado pela nota, é pelo emprego de pequenas ligaduras como demonstra o exemplo a seguir.



Mão esquerda

Existem alguns problemas quando tratamos da notação da mão esquerda.
A única unanimidade parece ser o uso de números arábicos para indicar os dedos
e as cordas a serem utilizadas.Para indicar os dedos da mão esquerda usa-se 1,2,3 e 4 (dedos indicador,médio, anular e mínimo respectivamente)e para indicar as cordas, 1,2,3,4,5 e 6 ,da mais aguda para a mais grave, dentro de um pequeno círculo.


Para as cordas soltas usa-se um zero dentro de um círculo ou apenas um 0 (zero), indicando que nenhum dedo da mão esquerda irá interferir naquela corda. Menos usado, é a indicação das cordas por meio das letras E,A,D,G,B e E (da 6ª para a 1ª corda) dentro de círculos ou, menos comum, de retângulos.



Enquanto o uso dos números arábicos é universal, o mesmo não se pode dizer quanto ao posicionamento deles. Com muita freqüência são colocados junto à cabeça das notas, dentro do pentagrama. Dois argumentos desaconselham este uso. Primeiro ele “congestiona” a partitura, já repleta de outros sinais (incluindo aí os acidentes), dificultando a leitura. Algumas vezes são colocados em um ou outro lado da nota, piorando ainda mais as coisas. E segundo, como muitos músicos não querem se utilizar daqueles dedilhados, estando esses números muito juntos às notas, fica difícil ignorar a presença deles.


Uma localização razoável e prática para a colocação desses números seria fora do pentagrama. Para as notas com a haste para cima, os números acima e para as notas com hastes para baixo, números abaixo.


É lógico que para sermos mais claros e tornar a partitura mais “limpa”, gastamos mais espaço. Mas economia neste caso pode resultar em algumas incoerências.
Números usados em excesso, além de tumultuar a partitura, subestimam a capacidade de dedução do intérprete. Por exemplo, quando usamos a afinação tradicional do violão (E, A, D, G, B, E, de baixo para cima), não existe necessidade de colocar um “0” (zero) para o “E” grave, já que não existe outra corda em que se vá executar esta nota, assim como o F, F#, G e G# subseqüentes, pelo mesmo motivo.
Não é necessário também pôr números para cada nota quando esta mesma nota aparece seguidas vezes no mesmo trecho ou frase musical.

Escreva apenas a quantidade de informação necessária, pois o violonista terá capacidade de deduzir as partes que estão pouco ou nada sinalizadas.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Kazuhito Yamashita


Considerado como um dos maiores violonistas da atualidade, Kazuhito Yamashita nasceu em Nagasaki em 1961 e foi menino-prodígio, tendo como único professor seu pai. De formação bem pouco ortodoxa, criou desde cedo o hábito de fazer arranjos para violão de todo tipo de música que lhe chamasse a atenção, de um simples tema de televisão até uma obra sinfônica criando, deste modo, um enorme arsenal de novos efeitos e possibilidades técnicas.
Em 1977, aos 16 anos, ganhou três concursos internacionais: O Ramirez em Santiago de Compostela, o Allessandria na Itália e o concurso de Radio France em Paris, tendo sido o primeiro prêmio mais jovem na história deste concurso. Em 1979 fez a sua estréia Européia em Paris, onde foi considerado a maior revelação do instrumento.
Em 1981 lançou seu primeiro disco, que marcou época: sua própria transcrição para violão solo dos Quadros de uma Exposição de Mussorgski, baseada na versão orquestral de Ravel. Nos anos seguintes, Yamashita realizou arranjos para violão do Pássaro de Fogo de Stravinsky, da Sinfonia Novo Mundo de Dvorak e do concerto para violino de Beethoven. Em duo com sua irmã Naoko, gravou a Scheherazade de Rimski-Korsakov também com arranjo seu. Já tinha, aos 43 anos, de mais de 60 CDs, cobrindo uma vasta parcela do repertório tradicional, incluindo, por exemplo, a obra completa para violino, cello e alaúde de Bach e a obra completa de Sor, esta em mais de 10 CDs.
Uma das técnicas mais impressionantes de que faz uso Yamashita é o dedillo, ou seja, tocar com o vai e vem de somente um dedo (da mão direita), tocando a corda alternadamente com a o lado de cima e de baixo da unha, mas com qualquer dedo, inclusive o mindinho, e quando se faz necessário, tocando acordes ao mesmo tempo.
Confira um vídeo de Quadros de uma Exposição em :
http://www.youtube.com/results?search_type=search_videos&search_query=yamashita%20guitar%20%20Mussorgsky&search_sort=relevance&search_category=0&page=2

Para uma discografia detalhada de Yamashita visite o link http://www.ne.jp/asahi/yamashita/kazuhito/disk_e.htm

terça-feira, 29 de maio de 2007

Eduardo Minozzi Costa vence o Concurso Internacional de Violão de Portland nos EUA

Premiado em vários concursos nacionais , Eduardo Minozzi Costa foi também vencedor do 4th Thomas H. Beeston Memorial Guitar Competition de 2006, interpretando, na apresentação final do concurso, Appassionata de Ronaldo Miranda.

Este ano Eduardo obteve o primeiro prêmio no Concurso Internacional de Violão de Portland nos EUA seguido de Brendan Evans (2º lugar) e Antoniy Kakamakav (3º lugar). O júri foi composto por David Franzen, John Mery, Michael Partington e Peter Zisa. Parte do prêmio é tocar no próximo Festival de Portland como convidado.
Formou juntamente com Paulo Porto Alegre e Daniel Murray, o Trio Opus 12. Formado em 1977, em São Paulo, o trio realizou inúmeros recitais por todo Brasil num período de dez anos. Em 1982, realizou uma gravação, ainda em LP, intitulada “Trio opus 12”, contemplando as mais importantes obras renascentistas, clássicas e modernas para trio de violões.
Após um intervalo de 17 anos o Trio Opus 12 volta executando músicas do século XX na pluralidade estética, popular e erudita.

Parte do trabalho de Eduardo Minozzi Costa pode ser conferida em http://www.soundclick.com/bands/pagemusic.cfm?bandID=656879

terça-feira, 24 de abril de 2007

Dia Estadual da Música Clássica

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, sancionou no dia 5 de março a Lei nº. 4.991 que cria o Dia Estadual da Música Clássica, aniversário do compositor Heitor Villa-Lobos.

Sessão solene na Assembléia Legislativa do Rio (ALERJ), contou com a presença de personalidades da música clássica e musicófilos que lotaram o plenário com 200 lugares. Na mesa, presidida pelo deputado Alessandro Molon, autor do projeto, estavam, além do deputado e do governador Sérgio Cabral, a diretora-geral de VivaMúsica, Heloisa Fischer; o secretário estadual de Cultura do Rio de Janeiro, Luiz Paulo Conde; o diretor artístico da Orquestra Petrobras Sinfônica, Isaac Karabtchevsky; o diretor artístico da Orquestra Sinfônica Brasileira, Roberto Minczuk; a diretora do Conservatório Brasileiro de Música, Cecília Conde e o diretor da Rádio MEC, Orlando Guilhon.

Ao sancionar a lei, o governador Sérgio Cabral sugeriu um desafio aos presentes: criar um projeto educacional que leve a obra de Villa-Lobos às crianças do estado do Rio de Janeiro. Em mensagem lida pelo deputado Alessandro Molon, o Ministério da Cultura mostrou-se sensibilizado com a possibilidade de criação de um Dia Nacional da Música Clássica.

Também estiveram presentes no evento o diretor da Sala Cecília Meireles, João Guilherme Ripper, o presidente da Fundação Theatro Municipal, Luiz Paulo Sampaio; o compositor Edino Krieger e o maestro Ricardo Rocha.

A sessão solene contou com a participação do Quinteto Villa-Lobos que apresentou, em três momentos diferentes do evento, obras de Villa-Lobos, Lorenzo Fernândez e Ernesto Nazareth.

O Dia da Música Clássica é uma iniciativa de VivaMúsica que lançou a idéia na edição 2005 do Anuário VivaMúsica. Através de consulta popular, o aniversário de Villa-Lobos foi escolhido para marcar a data dos clássicos (as outras datas eram os aniversários dos compositores Padre José Maurício e Carlos Gomes). Em 2006, o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, incluiu a data no calendário oficial da cidade.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Adágio para Cordas de Barber

O Quarteto de Cordas Op.11, do compositor Samuel Barber (1910-1981), foi escrito em 1936 pelo jovem compositor e foi executado pela primeira vez em Roma pelo Quarteto de Cordas Pro Arte. Embora o Quarteto seja composto por três movimentos, é a transcrição para orquestra de cordas do segundo movimento (molto adagio) que constitui a obra mais conhecida e popular de Barber: o famoso Adágio para Cordas (1938). Foi Arturo Toscanini, então dirigente da Orquestra da NBC quem lhe encomendou a orquestração. Quarenta anos mais tarde, este adágio impressionante foi usado com grande efeito pelo escritor/realizador Oliver Stone no seu filme baseado na terrível experiência americana do Vietnam: Platoon (1986).

O Adágio para Cordas de Barber demonstra amplamente dois princípios: há algumas idéias grandiosas que na base são muito simples e nem tudo o que é popular não presta.

Além da sua utilização em filmes, o Adágio é na América uma espécie de marcha fúnebre não oficial, tendo sido tocado nas mortes dos presidentes Roosevelt e Kennedy.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Glenn Gould ao vivo(?)

Uma empresa especializada em tecnologia resolveu recriar gravações clássicas. Não, nada de limpar chiados, remasterizar, corrigir erros, etc, etc, etc. Com ajuda de um computador, o objetivo era pegar gravações e decodificar o modo como foram feitas – com que força a tecla do piano foi tocada, quão para baixo o pedal foi pisado, quando cada dedo se moveu e assim por diante. Isso feito, um outro computador foi acoplado a um piano. E passa a ele todas aquelas informações. O teste foi feito esta semana, nos EUA, com a gravação de 1995 das Variações Goldberg, feita por Glenn Gould. Em outras palavras, ali, na frente de todo mundo, a gravação foi reinterpretada ao vivo. E gravada novamente – o CD sai em maio pela BMG Masterworks. Será o lançamento de uma gravação contemporânea de Glenn Gould feita sem que ele tenha se sentado ao piano.

Para saber mais sobre o projeto, leia sobre ele no New York Times e no Washington Post.

O piano de Chopin

Um piano Pleyel que pertenceu a Frederic Chopin foi descoberto em uma casa de campo no sul da Inglaterra. O piano, utilizado pelo compositor em sua última turnê, faz parte da coleção de Allec Cobbe, colecionador de pianos antigos, que o comprou por apenas duas mil libras, sem saber da história do instrumento, encontrado e identificado pelo pesquisador Jean-Jacques Eigeldinger.
Especialistas acreditam que agora será possível ter idéia precisa de como soavam os instrumentos que Chopin tinha a sua disposição na época que escreveu suas obras.
Mais informações, no site do Times, que oferece a oportunidade de ouvir uma gravação feita no piano.

Gian Carlo Menotti (1911 – 2007)

O mundo musical perdeu, no dia 1° de fevereiro, um dos seus grandes colaboradores: o compositor italiano Gian Carlo Menotti. Começa a escrever canções quando tinha 7 anos de idade e aos 11 escreveu libreto e música para a sua primeira ópera, A morte de Pierrot. Começou a sua aprendizagem formal em Milão no Conservatório Verdi em 1923. Aos 17 anos mudou-se para os Estados Unidos, onde desenvolveu sua carreira artística.

Compôs muitas obras incluindo canções, balés, corais, concertos, peças para piano, mas foi como compositor de óperas que ele se destacou. Em 1937, estreou no Metropolitan de Nova Iorque sua primeira ópera, a bufa Amelia goes to the ball, composta no mesmo ano.

Versátil, Menotti escrevia os libretos para as próprias óperas e também compunha e produzia espetáculos para o rádio e para a TV. Conquistou 2 prêmios Pulitzer com as óperas The consul e The Saint of Bleecker Street, além de ter sido distinguido com o prêmio dos críticos de dramas de Nova Iorque.

Em 1984, tornou-se cidadão dos EUA embora desde muito antes já se apresentasse como cidadão ítalo-americano.

Menotti faleceu em Mônaco, aos 95 anos.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Toru Takemitsu

Toru Takemitsu nasceu em Tokyo em 1930. Começou seus estudos de composição após a Guerra, em 1948 com Yasuji Kiyose, embora tenha sido basicamente autodidata. Sua estréia como compositor deu-se aos 20anos com a peça para piano "Lento in due movimenti". Takemitsu mostrou-se muito interessado em outras artes, como pintura moderna, literatura (particularmente poesia), teatro e cinema. Em 1951, junto com outros compositores e artistas das mais variadas áreas, fundou o "Experimental Workshop", que logo se tornou conhecido pelas suas atividades de vanguarda na área multimídia.
Como compositor, Takemitsu ganhou o reconhecimento público no fim dos anos 50 com "Requiem" for strings (1957). Seu interesse em diferentes campos artísticos influenciou profundamente seu estilo. Nos anos 60 duas novas influências alcançaram a música de Takemitsu: a tradicional música Japonesa (e.g. "November Steps", 1967, para biwa - espécie de alaúde Japonês - e shakuhachi - flauta de bambu - e orquestra) e a natureza (e.g. "ARC I", 1963, para orquestra, "A Flock Descends into the Pentagonal Garden", 1977, para orquestra).
Por ocasião da EXPO 1970 em Osaka, foi o diretor musical do projeto do teatro ("Space Theater of Street Pavilion"). Enquanto que as influências de Schoenberg and Berg eram bem claras nas primeiras obras de Takemitsu, o estilo francês, particularmente o de Debussy, tornou-se mais tarde a base de suas composições. Era muito receptivo a outros tipos de música – jazz, música pop e canções - , e sendo um ardoroso fã de cinema (e.g. "Ran", "Dodes’ka-Den"), compôs muita música para filmes, num total de 93.
Deu conferências na Yale University e foi também convidado por várias universidades nos EUA, Canadá e Austrália como conferencista ou compositor-residente. Recebeu muitas homenagens e prêmios, como por exemplo o UNESCO-IMC Music Prize em 1991 e o da University of Louisville Grawemeyer Award for Music Composition em 1994.
Takemitsu morreu em 1996, em Tóquio.
Ouça A Flock Descends into the Pentagonal Garden para orquestra, uma de suas obras mais famosas.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Temporada 2007

Destaques da temporada musical carioca em 2007:

Orquestra Petrobrás Sinfônica (OPS)

- Abril: Festival Villa-Lobos (“Choros No. 10” e “A Floresta do Amazonas”). Isaac Karabtchevsky (reg.).
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Julho: “Réquiem Polonês”, de Krzystof Penderecki (regido pelo próprio compositor).

- Setembro: Karabtchevsky rege a “Sinfonia No. 6”, de Mahler.

- Outubro: com regência de Daisuke Soga, obras de Saint-Säens e Bartók, com solos do violinista David Garret.

Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB)

- Abril: Roberto Minczuk rege obras de Strauss, Wagner, Siqueira e Carrilho, com solos do violonista Yamandú Costa.

- Maio: Kurt Masur rege obras de Wagner, Schuber e Dvorák.

- Julho: A soprano Eliane Coelho canta Strauss, Wagner e Duparc, com a OSB regida por Ronald Zollman.

- Setembro: concerto comemorativo aos 50 anos do violoncelista brasileiro Antonio Meneses, que solará os concertos de Dvorák e Krieger, sob a regência de Roberto Minczuk.

domingo, 8 de abril de 2007

O examinador de partituras

Careca à Yull Bryner, cara bem escanhoada, altura mediana, limpo e muito bem vestido. Fal, professor da Escola de Música da UFRJ e do extinto Conservatório de Canto Orfeônico.Almofadinha.

O professor Fal foi convidado pela municipalidade para dar um Curso de Mestre da Banda. A divulgação não foi grande coisa, mas assim mesmo, o curso teve ótima aceitação no meio profissional. Fal era conhecido como o professor que tratava a música como ciência exata. O uso constante da tábua de logaritmos para se encontrar tal ou qual freqüência do som ou de seu harmônico era uma chatice.

Ainda bem que tínhamos compensações: ouvir os trabalhos de orquestração examinados por Assis Republicano e as histórias que o próprio Fal nos contava:

- O Villa, de quando em quando pedia para que eu desse uma examinada (?) em certas partituras suas. Um dia, ele me entregou uma, dizendo: Fal, examina isso aí...(?).

Levei pra casa o original, para no fim de semana estudar(?).Tempos depois, observei que a harpa, em determinado trecho, tinha um acorde completamente diferente do da orquestra. Ligo para o Villa:

- Alô, o Maestro Villa-Lobos?
- Quem deseja falar?
- Fal.
- Um momentinho, por favor.

Alguns segundos depois...

- Alô, Fal! Aqui é o Villa!
- Oh, Villa, estava vendo a partitura que você me deu para examinar (?) e lá, mais ou menos no meio, a orquestra está com um acorde e a harpa com outro. Será que é isso mesmo que você quer?

- Ô Fal, não é no tutti?
- É.
- Não está toda a orquestra tocando em fortíssimo?
- Está.
- E então Fal... Quem é que vai ouvir a harpa, meu filho !...

Extraído do livro Divertimento para Orquestra de Nelson de Macêdo,Ed. Europa - 1989

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Pandiatonicismo

Técnica composicional que faz uso livre das notas de uma escala diatônica, não restrito pelos princípios da harmonia tradicional.

Segundo Leon Dallin em Techniques of Twentieth Century Composition, esse termo foi cunhado por Nicolas Slonimsky para “descrever a música que, em reação ao excessivo cromatismo tonal e à atonalidade, volta-se para os recursos da escala diatônica. Somente a ausência de características melódicas e de funções harmônicas separam-na da música diatônica convencional”.

Walter Piston em seu livro Harmony refere-se ao pandiatonicismo como “harmonia de notas brancas” numa referência às teclas brancas do piano.


Slonimsky, criador do termo, observou:
”em 1937 eu propus o termo pandiatonicismo para descrever as exageradas harmonias diatônicas e seus constituintes melódicos. O termo criou raízes e é agora convenientemente conservado como relíquia nos dicionários de música (...) este tipo de harmonia é encontrada nas obras de Debussy, Stravinsky , Copland e muitos outros compositores. Acordes pandiatônicos são construídos sobre quintas e quartas justas, quarta aumentada, sétimas e, também, terças maiores e menores. O acorde pandiatônico típico, contendo todas as sete notas da escala (usualmente da escala maior), é: C – G – D –F – B – E – A. A presença da nota F empresta ao acorde um sentimento de sétima de dominante” (SLONIMSKY, Nicolas. “Music in the Twentieth Century: Problems and Overviews).

domingo, 1 de abril de 2007

Software para estudo de harmonia

No site http://harmonypractice.altervista.org/HPWebSiteEn/index.html encontrei, entre outras coisas, um software gratuito chamado Harmony-Practice que, segundo FaustoTorre e Michel Baron, seus autores, foi criado para o estudo e a prática da harmonia a 4 vozes –baixo, tenor, contralto e soprano - segundo as regras dos tratados clássicos.
A partir de baixos e cantos dados o estudande completa as outras 3 vozes que faltam. Alguns exercícios vêm com a cifragem e o programa dispõem de um corretor para detectar e corrigir algumas conduções de vozes –como 5ªs ou 8ªs seguidas – dobramentos ou encadeamentos fora do padrão escolástico. Além disso pode-se , sempre que quiser, ouvir o resultado.
O site oferece também um curso básico de harmonia, princípios de contraponto e fuga.

quarta-feira, 14 de março de 2007

O encontro de Villa-Lobos com Andrés Segóvia

Aconteceu em Paris e conta com duas versões, uma de cada protagonista.
Foi no ano de 1924 em um encontro musical na casa de Olga Moraes Sarmento Nobre.
Na versão de Villa-Lobos, Segóvia, sem saber de sua presença, havia comentado que suas peças eram anti-violonísticas e que os recursos usados não eram próprios do instrumento. Um dos que se achavam no grupo de Segóvia disse : “Pois é, Segóvia, o Villa está aqui” e Villa-Lobos foi logo chegando e dizendo : “Por que é que você acha as minha obras anti-violonísticas ? ”. Segóvia, surpreso com sua presença ali, explicou que, por exemplo, o dedo mínimo direito não era usado no violão clássico. Logo Villa-Lobos respondeu: ”Ah! Não se usa? Então corta fora, corta fora.” e em seguida pediu o violão a Segóvia. Este ainda tentou resistir, pois não emprestava seu instrumento para ninguém, mas não adiantou e nas palavras do próprio Villa-Lobos, “eu sentei,toquei e acabei com a festa”.
Ao ser questionado por Segóvia onde tinha aprendido, Villa-Lobos respondeu que “não era violonista mas sabia toda a técnica de Carulli, Sor, Aguado, Carcassi, etc.”
No dia seguinte se encontraram na casa de Villa-Lobos e revezaram no violão até às 4 da manhã. Segóvia encomendou um estudo de violão, e além da grande amizade que surgiu a parti daí, foram doze os estudos que o compositor brasileiro dedicou ao grande violonista espanhol.

Na versão de Segóvia, foi Villa-Lobos, dentre os convidados presentes, o que causou a maior impressão. Segóvia, apesar da fama que Villa-Lobos usufruía em Paris, mal conhecia alguma composição sua.
Após Segóvia terminar sua apresentação, Villa-Lobos aproximou-se e disse em tom confidencial : ”Também toco violão”- “Maravilhoso” respondeu Segóvia. Pediu o instrumento, sentou-se, atravessou-o nos joelhos e “segurou-o firmemente, de encontro ao peito, como se temesse que o instrumento fugisse”. De repente desferiu um acorde com tal força que Segóvia não se conteve e soltou um grito, pensando que o seu violão havia se despedaçado. Villa-Lobos deu uma forte gargalhada. Após várias tentativas para começar a tocar, ele terminou por desistir, certamente devido a falta de exercícios diários, atividade necessária para tocar com desenvoltura. Mesmo assim Segóvia percebeu, nos poucos compassos que ouviu, que aquele intérprete era um grande músico, “pois os acordes que conseguiu produzir encerravam fascinantes dissonâncias, os fragmentos melódicos possuíam originalidade,os ritmos eram novos e incisivos e até a dedilhação era engenhosa”.

Dedicados a Andrés Segóvia, a série dos Doze Estudos data de 1929 e publicada pela Editora Max Eschig tem o seguinte prefácio escrito pelo virtuose espanhol:
“Eis aqui 12 estudos, escritos com amor pelo violão, pelo genial compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos. Eles comportam, ao mesmo tempo, fórmulas de surpreendente eficiência para o desenvolvimento da técnica de ambas as mãos e belezas musicais ‘desinteressadas’, sem finalidade pedagógica, valores estéticos permanente de obras de concerto. “... Não quis alterar nenhuma das digitações que o próprio Villa-Lobos indicou para a execução de suas obras. Ele conhece perfeitamente o violão, e se escolheu tal corda ou tal digitação para ressaltar determinadas frases, devemos estrita obediência ao seu desejo, mesmo ao preço de nos obrigar a maiores esforços de ordem técnica. Não quero concluir esta breve nota sem agradecer publicamente ao ilustre Maestro, a honra que me conferiu dedicando-me estes ‘Estudos’ ”.

Nas palavras de Andrés Segóvia: “... nasceu entre nós uma sólida amizade. Hoje o mundo da música reconhece que a contribuição desse gênio para o instrumento constituiu uma benção tanto para o instrumento como para mim”.

Fonte :SANTOS, Turíbio. Heitor Villa-Lobos e o violão. Rio de Janeiro: MEC / Museu Villa-Lobos, 1975

domingo, 11 de março de 2007

Obra completa de Mozart na internet

A Fundação Internacional Mozart, que fica em Salzburgo na Áustria, disponibilizou gratuitamente na internet mais de 600 obras do compositor.
O site http://dme.mozarteum.at permite aos visitantes localizar sinfonias, sonatas, árias, concertos, etc em cerca de 24 mil páginas de partituras.
A versão disponibilizada na Internet é uma cópia digitalizada de Mozart Nova Edição, publicada pela editora Barenreiter, de Kassel, na Alemanha.

sexta-feira, 9 de março de 2007

"A Arte do Violão"

A Rádio Roquette Pinto do Rio de Janeiro FM 94,1MHz apresenta um programa diário de música clássica das 20h às 23h. Logo após é apresentado o programa “A Arte do Violão” com o violonista Fábio Zanon, cujo conteúdo é bastante variado. Alguns textos e músicas do programa podem ser encontrados no site http://aadv.alotspace.com/download.html

Acervo Musical Online

Visitem o blog Acervo Musical Online em http://www.acervomusical.blogspot.com. Tem agenda de eventos e concertos, notícias, links para assistir ou ouvir os nossos violonistas,etc.