terça-feira, 24 de abril de 2007

Dia Estadual da Música Clássica

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, sancionou no dia 5 de março a Lei nº. 4.991 que cria o Dia Estadual da Música Clássica, aniversário do compositor Heitor Villa-Lobos.

Sessão solene na Assembléia Legislativa do Rio (ALERJ), contou com a presença de personalidades da música clássica e musicófilos que lotaram o plenário com 200 lugares. Na mesa, presidida pelo deputado Alessandro Molon, autor do projeto, estavam, além do deputado e do governador Sérgio Cabral, a diretora-geral de VivaMúsica, Heloisa Fischer; o secretário estadual de Cultura do Rio de Janeiro, Luiz Paulo Conde; o diretor artístico da Orquestra Petrobras Sinfônica, Isaac Karabtchevsky; o diretor artístico da Orquestra Sinfônica Brasileira, Roberto Minczuk; a diretora do Conservatório Brasileiro de Música, Cecília Conde e o diretor da Rádio MEC, Orlando Guilhon.

Ao sancionar a lei, o governador Sérgio Cabral sugeriu um desafio aos presentes: criar um projeto educacional que leve a obra de Villa-Lobos às crianças do estado do Rio de Janeiro. Em mensagem lida pelo deputado Alessandro Molon, o Ministério da Cultura mostrou-se sensibilizado com a possibilidade de criação de um Dia Nacional da Música Clássica.

Também estiveram presentes no evento o diretor da Sala Cecília Meireles, João Guilherme Ripper, o presidente da Fundação Theatro Municipal, Luiz Paulo Sampaio; o compositor Edino Krieger e o maestro Ricardo Rocha.

A sessão solene contou com a participação do Quinteto Villa-Lobos que apresentou, em três momentos diferentes do evento, obras de Villa-Lobos, Lorenzo Fernândez e Ernesto Nazareth.

O Dia da Música Clássica é uma iniciativa de VivaMúsica que lançou a idéia na edição 2005 do Anuário VivaMúsica. Através de consulta popular, o aniversário de Villa-Lobos foi escolhido para marcar a data dos clássicos (as outras datas eram os aniversários dos compositores Padre José Maurício e Carlos Gomes). Em 2006, o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, incluiu a data no calendário oficial da cidade.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Adágio para Cordas de Barber

O Quarteto de Cordas Op.11, do compositor Samuel Barber (1910-1981), foi escrito em 1936 pelo jovem compositor e foi executado pela primeira vez em Roma pelo Quarteto de Cordas Pro Arte. Embora o Quarteto seja composto por três movimentos, é a transcrição para orquestra de cordas do segundo movimento (molto adagio) que constitui a obra mais conhecida e popular de Barber: o famoso Adágio para Cordas (1938). Foi Arturo Toscanini, então dirigente da Orquestra da NBC quem lhe encomendou a orquestração. Quarenta anos mais tarde, este adágio impressionante foi usado com grande efeito pelo escritor/realizador Oliver Stone no seu filme baseado na terrível experiência americana do Vietnam: Platoon (1986).

O Adágio para Cordas de Barber demonstra amplamente dois princípios: há algumas idéias grandiosas que na base são muito simples e nem tudo o que é popular não presta.

Além da sua utilização em filmes, o Adágio é na América uma espécie de marcha fúnebre não oficial, tendo sido tocado nas mortes dos presidentes Roosevelt e Kennedy.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Glenn Gould ao vivo(?)

Uma empresa especializada em tecnologia resolveu recriar gravações clássicas. Não, nada de limpar chiados, remasterizar, corrigir erros, etc, etc, etc. Com ajuda de um computador, o objetivo era pegar gravações e decodificar o modo como foram feitas – com que força a tecla do piano foi tocada, quão para baixo o pedal foi pisado, quando cada dedo se moveu e assim por diante. Isso feito, um outro computador foi acoplado a um piano. E passa a ele todas aquelas informações. O teste foi feito esta semana, nos EUA, com a gravação de 1995 das Variações Goldberg, feita por Glenn Gould. Em outras palavras, ali, na frente de todo mundo, a gravação foi reinterpretada ao vivo. E gravada novamente – o CD sai em maio pela BMG Masterworks. Será o lançamento de uma gravação contemporânea de Glenn Gould feita sem que ele tenha se sentado ao piano.

Para saber mais sobre o projeto, leia sobre ele no New York Times e no Washington Post.

O piano de Chopin

Um piano Pleyel que pertenceu a Frederic Chopin foi descoberto em uma casa de campo no sul da Inglaterra. O piano, utilizado pelo compositor em sua última turnê, faz parte da coleção de Allec Cobbe, colecionador de pianos antigos, que o comprou por apenas duas mil libras, sem saber da história do instrumento, encontrado e identificado pelo pesquisador Jean-Jacques Eigeldinger.
Especialistas acreditam que agora será possível ter idéia precisa de como soavam os instrumentos que Chopin tinha a sua disposição na época que escreveu suas obras.
Mais informações, no site do Times, que oferece a oportunidade de ouvir uma gravação feita no piano.

Gian Carlo Menotti (1911 – 2007)

O mundo musical perdeu, no dia 1° de fevereiro, um dos seus grandes colaboradores: o compositor italiano Gian Carlo Menotti. Começa a escrever canções quando tinha 7 anos de idade e aos 11 escreveu libreto e música para a sua primeira ópera, A morte de Pierrot. Começou a sua aprendizagem formal em Milão no Conservatório Verdi em 1923. Aos 17 anos mudou-se para os Estados Unidos, onde desenvolveu sua carreira artística.

Compôs muitas obras incluindo canções, balés, corais, concertos, peças para piano, mas foi como compositor de óperas que ele se destacou. Em 1937, estreou no Metropolitan de Nova Iorque sua primeira ópera, a bufa Amelia goes to the ball, composta no mesmo ano.

Versátil, Menotti escrevia os libretos para as próprias óperas e também compunha e produzia espetáculos para o rádio e para a TV. Conquistou 2 prêmios Pulitzer com as óperas The consul e The Saint of Bleecker Street, além de ter sido distinguido com o prêmio dos críticos de dramas de Nova Iorque.

Em 1984, tornou-se cidadão dos EUA embora desde muito antes já se apresentasse como cidadão ítalo-americano.

Menotti faleceu em Mônaco, aos 95 anos.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Toru Takemitsu

Toru Takemitsu nasceu em Tokyo em 1930. Começou seus estudos de composição após a Guerra, em 1948 com Yasuji Kiyose, embora tenha sido basicamente autodidata. Sua estréia como compositor deu-se aos 20anos com a peça para piano "Lento in due movimenti". Takemitsu mostrou-se muito interessado em outras artes, como pintura moderna, literatura (particularmente poesia), teatro e cinema. Em 1951, junto com outros compositores e artistas das mais variadas áreas, fundou o "Experimental Workshop", que logo se tornou conhecido pelas suas atividades de vanguarda na área multimídia.
Como compositor, Takemitsu ganhou o reconhecimento público no fim dos anos 50 com "Requiem" for strings (1957). Seu interesse em diferentes campos artísticos influenciou profundamente seu estilo. Nos anos 60 duas novas influências alcançaram a música de Takemitsu: a tradicional música Japonesa (e.g. "November Steps", 1967, para biwa - espécie de alaúde Japonês - e shakuhachi - flauta de bambu - e orquestra) e a natureza (e.g. "ARC I", 1963, para orquestra, "A Flock Descends into the Pentagonal Garden", 1977, para orquestra).
Por ocasião da EXPO 1970 em Osaka, foi o diretor musical do projeto do teatro ("Space Theater of Street Pavilion"). Enquanto que as influências de Schoenberg and Berg eram bem claras nas primeiras obras de Takemitsu, o estilo francês, particularmente o de Debussy, tornou-se mais tarde a base de suas composições. Era muito receptivo a outros tipos de música – jazz, música pop e canções - , e sendo um ardoroso fã de cinema (e.g. "Ran", "Dodes’ka-Den"), compôs muita música para filmes, num total de 93.
Deu conferências na Yale University e foi também convidado por várias universidades nos EUA, Canadá e Austrália como conferencista ou compositor-residente. Recebeu muitas homenagens e prêmios, como por exemplo o UNESCO-IMC Music Prize em 1991 e o da University of Louisville Grawemeyer Award for Music Composition em 1994.
Takemitsu morreu em 1996, em Tóquio.
Ouça A Flock Descends into the Pentagonal Garden para orquestra, uma de suas obras mais famosas.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Temporada 2007

Destaques da temporada musical carioca em 2007:

Orquestra Petrobrás Sinfônica (OPS)

- Abril: Festival Villa-Lobos (“Choros No. 10” e “A Floresta do Amazonas”). Isaac Karabtchevsky (reg.).
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Julho: “Réquiem Polonês”, de Krzystof Penderecki (regido pelo próprio compositor).

- Setembro: Karabtchevsky rege a “Sinfonia No. 6”, de Mahler.

- Outubro: com regência de Daisuke Soga, obras de Saint-Säens e Bartók, com solos do violinista David Garret.

Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB)

- Abril: Roberto Minczuk rege obras de Strauss, Wagner, Siqueira e Carrilho, com solos do violonista Yamandú Costa.

- Maio: Kurt Masur rege obras de Wagner, Schuber e Dvorák.

- Julho: A soprano Eliane Coelho canta Strauss, Wagner e Duparc, com a OSB regida por Ronald Zollman.

- Setembro: concerto comemorativo aos 50 anos do violoncelista brasileiro Antonio Meneses, que solará os concertos de Dvorák e Krieger, sob a regência de Roberto Minczuk.

domingo, 8 de abril de 2007

O examinador de partituras

Careca à Yull Bryner, cara bem escanhoada, altura mediana, limpo e muito bem vestido. Fal, professor da Escola de Música da UFRJ e do extinto Conservatório de Canto Orfeônico.Almofadinha.

O professor Fal foi convidado pela municipalidade para dar um Curso de Mestre da Banda. A divulgação não foi grande coisa, mas assim mesmo, o curso teve ótima aceitação no meio profissional. Fal era conhecido como o professor que tratava a música como ciência exata. O uso constante da tábua de logaritmos para se encontrar tal ou qual freqüência do som ou de seu harmônico era uma chatice.

Ainda bem que tínhamos compensações: ouvir os trabalhos de orquestração examinados por Assis Republicano e as histórias que o próprio Fal nos contava:

- O Villa, de quando em quando pedia para que eu desse uma examinada (?) em certas partituras suas. Um dia, ele me entregou uma, dizendo: Fal, examina isso aí...(?).

Levei pra casa o original, para no fim de semana estudar(?).Tempos depois, observei que a harpa, em determinado trecho, tinha um acorde completamente diferente do da orquestra. Ligo para o Villa:

- Alô, o Maestro Villa-Lobos?
- Quem deseja falar?
- Fal.
- Um momentinho, por favor.

Alguns segundos depois...

- Alô, Fal! Aqui é o Villa!
- Oh, Villa, estava vendo a partitura que você me deu para examinar (?) e lá, mais ou menos no meio, a orquestra está com um acorde e a harpa com outro. Será que é isso mesmo que você quer?

- Ô Fal, não é no tutti?
- É.
- Não está toda a orquestra tocando em fortíssimo?
- Está.
- E então Fal... Quem é que vai ouvir a harpa, meu filho !...

Extraído do livro Divertimento para Orquestra de Nelson de Macêdo,Ed. Europa - 1989

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Pandiatonicismo

Técnica composicional que faz uso livre das notas de uma escala diatônica, não restrito pelos princípios da harmonia tradicional.

Segundo Leon Dallin em Techniques of Twentieth Century Composition, esse termo foi cunhado por Nicolas Slonimsky para “descrever a música que, em reação ao excessivo cromatismo tonal e à atonalidade, volta-se para os recursos da escala diatônica. Somente a ausência de características melódicas e de funções harmônicas separam-na da música diatônica convencional”.

Walter Piston em seu livro Harmony refere-se ao pandiatonicismo como “harmonia de notas brancas” numa referência às teclas brancas do piano.


Slonimsky, criador do termo, observou:
”em 1937 eu propus o termo pandiatonicismo para descrever as exageradas harmonias diatônicas e seus constituintes melódicos. O termo criou raízes e é agora convenientemente conservado como relíquia nos dicionários de música (...) este tipo de harmonia é encontrada nas obras de Debussy, Stravinsky , Copland e muitos outros compositores. Acordes pandiatônicos são construídos sobre quintas e quartas justas, quarta aumentada, sétimas e, também, terças maiores e menores. O acorde pandiatônico típico, contendo todas as sete notas da escala (usualmente da escala maior), é: C – G – D –F – B – E – A. A presença da nota F empresta ao acorde um sentimento de sétima de dominante” (SLONIMSKY, Nicolas. “Music in the Twentieth Century: Problems and Overviews).

domingo, 1 de abril de 2007

Software para estudo de harmonia

No site http://harmonypractice.altervista.org/HPWebSiteEn/index.html encontrei, entre outras coisas, um software gratuito chamado Harmony-Practice que, segundo FaustoTorre e Michel Baron, seus autores, foi criado para o estudo e a prática da harmonia a 4 vozes –baixo, tenor, contralto e soprano - segundo as regras dos tratados clássicos.
A partir de baixos e cantos dados o estudande completa as outras 3 vozes que faltam. Alguns exercícios vêm com a cifragem e o programa dispõem de um corretor para detectar e corrigir algumas conduções de vozes –como 5ªs ou 8ªs seguidas – dobramentos ou encadeamentos fora do padrão escolástico. Além disso pode-se , sempre que quiser, ouvir o resultado.
O site oferece também um curso básico de harmonia, princípios de contraponto e fuga.